sábado, fevereiro 26, 2011

Adolf Hitler (20 de abril de 1889 - 30 de abril de 1945)

A origem

Adolf Hitler nasceu em 1888, em Braunau, na Áustria, filho de um empregado da alfândega. Depois do curso secundário mudou-se para Viena (1909), onde tentou, sem êxito, ser admitido na Academia de Belas Artes, para estudar pintura e arquitetura. Vivia de pequenos expedientes, como a pintura de cartões postais; perambulava pelos bares, lia jornais e livros que lhe caíam nas mãos, pernoitava nos asilos. Autodidata, assimilava mal as leituras que fazia; já nutria grande desprezo pelos judeus, pelos marxistas e pelas massas, que acreditava incapazes de se deixarem tocar pelo sentimento nacional – idéias essas assimiladas junto a pequena burguesia vienense. 

 Adolf Hitler


Em 1913 mudou-se para Munique, onde levava o mesmo tipo de vida. No ano seguinte alistou-se como voluntário no exército alemão. Participou com bravura nos combates, foi ferido duas vezes e condecorado com a Cruz de Ferro. Enquanto se recuperava num hospital de campanha, remoia a derrota, considerando-a resultado não da eficiência do inimigo, mas da traição dos grupos políticos radicais dentro da própria Alemanha. Terminada a guerra, retornou a Munique e começou a trabalhar na sessão de imprensa e propaganda do Quarto Comando das Forças Armadas (Reichswerh).

A militância

Em 12 de setembro de 1919 Hitler aderiu a um minúsculo agrupamento político, pomposamente chama do de Partido Trabalhista Alemão, fundado alguns meses antes por um mecânico ferroviário chamado Anton Drexler. Seu programa falava em bem-estar do povo, direito a escolha da nacionalidade, igualdade perante o Estado, anulação dos tratados de paz, exclusão dos judeus da comunidade. Em 1920, Hitler, que havia colocado sua enorme capacidade oratória a serviço do partido, contribuiu para a mudança de seu nome para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores (Nazi). O símbolo do partido era a bandeira vermelha com a cruz gamada. 

 Símbolo do partido nazista

Possuíam um pequeno jornal. O capitão Roehm incorporou uma organização paramilitar, as SA (seções de assalto), encarregadas de perturbar a ordem nas reuniões dos adversários. O programa, muito confuso, denunciava os judeus, os marxistas e os estrangeiros, prometendo trabalho para todos e supressão das regras ditadas em Versalhes. Em 1921 Hitler foi nome nomeado chefe do partido, que contava com apenas 3.000 membros.

Mein Kampf

Em 1923, aproveitando-se do clima geral de insegurança que dominava a República de Weimar, Hitler tentou um golpe na Baviera, apoiado por Ludendorff. A insurreição fracassou, Hitler foi preso e condenado a cinco anos de prisão. Ficou preso oito meses e em seguida foi posto em liberdade, tendo aproveitado esse período para escrever a primeira parte de seu livro “Minha luta” (Mein kampf).


 Capa do livro Mein Kampf (minha luta)

Regressando da prisão, Hitler aproveitou para reestruturar o partido, dando-lhe mais eficiência e disciplina. Imitando o fascismo e o bolchevismo, dotou-o de estruturas administrativas e hierárquicas regionais, de um jornal, e de formações paramilitares: as SA, seções de assalto, e as SS, brigadas de segurança. Organizou-se a juventude hitlerista e atraíram organizações para que se filiassem ao partido: sindicatos de trabalhadores, associações de médicos, professores, juristas, funcionários, etc.

Fundamentos e princípios ideólogos do nazismo

Muitos dos princípios contidos na ideologia nazista eram antigos, mas adquiriram um significado novo. Alguns escritores e pensadores forneceram subsídios importantes: o anti-semitismo, desenvolvido a partir de teorias racistas (Gobineau, Chamberlain, Wagner); o pangermanismo (Wagner); o neopaganismo (Rosemberg); o Estado forte e a regeneração nacional (Oswald Spengler, Prussianismo e socialismo, 1920); a ideia do Terceiro Reich (Van der Bruck); o nacionalismo exaltado (Jüger e Von Solomon). O programa do Partido Trabalhista Alemão, de 1920, e o texto de Hitler, Mein kampf, sintetizavam muitas destas linhas de raciocínio de forma mais prática.

O ponto fundamental do nazismo era o racismo. Correspondia a exaltação do povo alemão, que pertenceria a uma raça ariana superior, fundada na comunidade do sangue e do solo. Sua missão seria dominar o mundo, devendo evitar a contaminação por raças ou elementos "inferiores": a franco-maçonaria, a ideologia liberal, o marxismo, a Igreja Católica e, sobretudo, os judeus, cujo espírito liberal e crítico os transformava, segundo o nazismo, no principal elemento de dissolução da "pureza da raça".

O totalitarismo era um desdobramemto do racismo. Na ideologia nazista, o indivíduo "pertencia" ao Estado, constituindo um instrumento da comunidade racial. Nesta medida, a Estado não poderia ser nem liberal nem parlamentar, pois não poderia dividir-se em função dos interesses pessoais. Como a fascismo, o nazismo seria antiparlamentar, antidemocrático e antiliberal. Em decorrência, o Estado deveria ser unitário, sob a autoridade de um único chefe, o Fuhrer, que simbolizaria a Alemanha e teria toda a responsabilidade das decisões, se bem que freqüentemente pudesse submetê-las a plebiscitos populares. Esses princípios fundamentais do nazismo podiam ser resumidos na expressão: um povo (Volk), um império (Reich), um chefe (Fuhrer).

O antimarxismo estava presente na ideologia nazista. O marxismo era considerado produto do pensamento judaico (Karl Marx), que propunha a luta de classes no seio da comunidade; o capitalismo seria danoso na medida em que agravava as desigualdades e também atentava contra a unidade do Estado. Por essa razão, Hitler passou a distinguir o capital nacional - útil a comunidade - do capital internacional, impregnado de judaísmo.

O unipartidarismo era uma decorrência do conjunto. Segundo Hitler, a nova ordem na Alemanha seria atingida nos quadros de um Estado totalitário, fundado sobre o fanatismo nacional e o fervor racista. A vanguarda dessa "revolução", uma minoria ativa, seria o Partido Nacional-Socialista - partido único, extremamente hierarquizado e dirigido segundo o princípio de chefia absoluta. Seu chefe supremo era Hitler, que tinha como suplente Rudolf Hess - substituído apos 1941 por Martin Bormann. Seus funcionários duplicavam e supervisionavam a administração do Estado.

O partido possuía também forças paramilitares. As mais importantes, as Waffen SS, sob o comando de Himmler, chegaram a ter 500.000 homens. Eram tropas de elite ligadas ao exército. 

 Logotipo da Waffen SS

Em nome da SS, Himmler assumiu o controle da polícia política, a temida Gestapo. O nacionalismo reivindicativo era outra característica marcante do nazismo. Para os nazistas era necessário destruir as humilhações implícitas no Tratado de Versalhes e realizar a integração das comunidades germânicas da Europa (Áustria, Sudetos, Dantzig). Em suma, conquistar para a Alemanha na Polônia e na Ucrânia um "espaço vital", necessário ao povo alemão, o que implicava um ajuste de contas preliminar com os franceses, aliados dos eslavos. 


Heinrich Luitpold Himmler (7/10/1900 - 23/05/1945



 Símbolo da Gestapo, a política política secreta

O partido exercia controle total sobre a população através da fiscalização das informações e da propaganda, conduzida por um ministro especialista, Goebbels, que supervisionava a imprensa, a literatura, o cinema e, sobretudo, o rádio - a grande arma do nazismo na comunicação com as massas. Grande importância foi dada a educação da juventude nazista, uma elite fanatizada e que, após 1935, era obrigada a trabalhar como parte de sua formação ideológica. O lazer, tanto dos jovens quanta dos trabalhadores, também era peça importante na preservação da hegemonia do bloco nazista. 

Goebbels em discurso na Alemanha

O extremismo político tomou conta da Alemanha com a crise de 1929.

Aproveitando-se da situação, os nazistas faziam proclamações, gigantescas paradas e desfiles das forcas paramilitares SA e SS. Denunciavam os democratas, os marxistas e acima de tudo os judeus. Prometiam trabalho aos desempregados, supressão da usura, contenção dos preços no comércio, luta contra o socialismo e contra o grande capital. E, para todo o povo alemão, prometiam a destruição das imposições de Versalhes.

Hitler surgia então como o grande campeão da luta contra o bolchevismo. Por isso, a maior parte das grandes empresas capitalistas deu-lhe considerável apoio financeiro, a partir de 1932. Reunindo os descontentes de todos os lados - principalmente a classe média e os camponeses, o partido evoluiu de 400.000 membros em 1928, para 1,5 milhão em 1930. No mesmo período, de 2,3% dos votos, passou para 18,3%, tendo 107 representantes no Parlamento em 1930. Mas os comunistas também tinham avançado, fazendo 77 deputados.       

Em 1932, Hindenburg encarregou o católico Bruning de combater o movimento comunista. A violência dos nazistas obrigou-o a dissolver as SA e SS; por outro lado, foi forçado pela crise a tomar medidas socializantes (controle do mercado, socialização de bancos). O velho marechal foi reeleito com 19 milhões de votos, mas Hitler obteve 13 milhões.

Bruning fez um projeto de colonização das grandes propriedades, atraindo a oposição dos latifundiários, que pressionaram Hindenburg. O novo chanceler, Von Papen, dissolveu o Parlamento. Nas eleições, os nazistas tiveram 37,3 % dos votos, elegendo 230 deputados, devido ao apoio maciço da burguesia, proletarizada pela crise. Hindenburg recusou-se a fazer de Hitler chanceler e novas eleições foram convocadas, permanecendo a vantagem dos nazistas.  
O novo chanceler, o general Von Schleicher, queria quebrar a força de nazistas e comunistas organizando uma ditadura corporativa no modelo italiano; pretendia realizar reformas sociais com o apoio dos sindicatos alemães. 

O resultado foi atrair a ira dos grandes capitalistas. Von Papen, ligado a esse grupo, aproximou-se de Hitler, propondo-lhe que diminuísse a agressão verbal contra o capitalismo. Dessa composição resultou a indicação de Hitler para o cargo de chanceler, feita a 30 de janeiro de 1933. O grande empresariado e os conservadores monarquistas pensavam poder manobrar Hitler em seu proveito. Se as forças moderadas centristas tivessem contado com o apoio dos comunistas (o que lhes daria maioria no Parlamento), Hitler não teria subido ao poder. Mas os comunistas negaram-se, certos de que o tempo trabalhava a seu favor.

2 comentários:

Prof. Yuri Almeida disse...

Não diria que o fascismo é anticapitalista e sim antiliberal, pois o fascismo defende os interesses da burguesia, á a favor da propriedade privada, da sociedade com classes.

Pimentel disse...

Tens razão