Não foi uma casualidade ter sido a descoberta do genovês Cristovão Colombo batizada com o nome do florentino Américo Vespúcio (1454-1512). A obstinação no erro de avaliação que permitiu a Colombo devassar o mar Tenebroso e descobrir um mundo novo contribuiu para que ele, até o momento de sua morte ainda acreditasse ter chegado às costas das Índias. Patético paradoxo. Por ter errado os cálculos e descoberto um continente, e não um caminho atlântico até os mercados das especiarias, Cristovão Colombo morreu num semi-ostracismo e passou para a história como o maior dos navegadores.
As grandes navegações do século XVI impulsionaram o descobrimento ou “achamento” de terras a oeste da Europa. Os principais países foram Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Os lusitanos inauguraram esta fase aventureira em direção a África e Ásia. A descoberta do Brasil foi um acontecimento menos na busca lusitana de uma rota marítima até os mercados orientais. O projeto de circunavegação da África, concebido no reino de Don Afonso V (1434-1481), aproximava-se do final, quando o Cristóvão Colombo , navegando a serviço de Castela, passou por Lisboa em março de 1493, de volta do Novo Mundo, afirmando ter tocado as costas das Índias.
Pioneirismo português
Havia uma tradição marítima dos portugueses, a ponto de terem criado a escola de Sagres, espécie de escola náutica fundada pelo Infante D. Henrique, por volta de 1417.
A burguesia mercantil que se formava no país necessitava de uma solução para os problemas financeiros destas elites. Espremidos pelo mar e por Castela, Portugal estava debruçado sob o Atlântico e da África. A geografia era extremamente favorável aos lusitanos, que mesmo sendo um país agrário, possuía hábeis marinheiros treinados na pesca da baleia, do atum, da sardinha e do bacalhau e na navegação de alto-mar.
A aventura marítima portuguesa começou muito antes da chegada ao Brasil. A primeira conquista lusitana na África, em 1415, foi a cidade de Ceuta, rica cidade mercantil moura, localizada a menos de 50 quilômetros de Tanger, diante do estreito de Gibraltar.
Descobrimentos, viagens e explorações portuguesas, datas e primeiros locais de chegada de 1415-1543: AZUL - principais rotas no Oceano Índico VERDE - territórios portugueses no reinado de D. João III |
Em 1415 os portugueses já navegavam pelo mundo, chegaram a Ceuta, no norte da África.
A Europa sofria ainda a ação das forças que haviam deslocado o eixo do desenvolvimento econômico-social da bacia do Mediterrâneo para o norte do continente. A lã inglesa, tear Frances fortaleciam esse novo pólo. O intercambio entre o norte e o centro da Europa com o mar Mediterrâneo se fortalecia. Todavia estas rotas marítimas se mantinham sob monopólio dos italianos e muçulmanos, que encareciam os produtos que passavam por ali.
Os portugueses juntos com venezianos, genoveses, florentinos negociavam as especiarias com o oriente usando esta rota. Mas eram os italianos quem lucravam mais com este comércio, monopolizando a distribuição e os preços das mercadorias. Eram os árabes quem controlavam as caravanas que circulavam pelo deserto. Para não ficarem somente como intermediários, os portugueses procuraram rotas alternativas para chegar as Índias.
Em 1453 os turcos tomaram Constantinopla e interromperam o comércio de produtos de luxo com a Europa. O Mar Mediterrâneo ficou sob controle turco, forçando os portugueses a se aventurem mais adentro do Oceano Atlântico. Como forma de tentar resolver este problema, Portugal financiou viagens. A esquadra de Pedro Álvares Cabral zarpou com este objetivo, embora se duvide muito que tenha sido tamanha falha que o tenha levado ao Novo Continente. É provável que a Coroa portuguesa tenha enviado, após a passagem de Colombo por Lisboa, sob o mais reservado segredo, uma ou mais expedições ao Atlântico Sul, para que inquirissem sobre o real sentido da descoberta colombiana.
A esquadra de Cabral saiu de Portugal com o objetivo oficial de alcançar a Índia pelo outro lado. Após 43 dias de navegação, com 13 navios e mais de 1200 homens, Pedro Álvares Cabral chegou a costa brasileira. A primeira coisa que viu foi uma elevação que batizou de Monte Pascoal, hoje Porto Seguro, em virtude do período ser páscoa. Ao pisar em terra chamou de ilha de Vera Cruz (verdadeira cruz). Era 22 de abril de 1500. Estima-se que a esquadra tinha alimento para 18 meses.
A grande preocupação até então era traçar uma estratégia para não se perder no oceano. Como estratégia, era obrigatório atirar duas vezes de canhão pela manhã para que todos ouvissem e tivessem a certeza de que não se perderam. Outra necessidade seria o óbvio de que todos deveriam navegar juntos.
As praias foram visitadas rapidamente, onde encontrou o nativo tupiniquim e tupinambá. Abastecidos de água e lenha, partiu com duas naves em direção ao oceano Índico, onde em 2 de maio chegou a Calecute.
Carta a El Rei D. Manuel escrita por Pero Vaz de Caminha descrevendo as terras brasileiras achadas na expedição de Pedro Álvares Cabral |
Outra nave partiu com Pero Vaz de Caminha que estava junto com a função de anotar tudo o que via. Escreveu a primeira correspondência em terra brasileira, para informar ao rei o que encontraram.
Em 26 de abril de 1500 foi rezada a primeira missa pelo frei Henrique de Coimbra.
Porém é somente três décadas depois que os portugueses começam a ocupar o território. Em 1530 D. João III mandou os primeiros colonos junto com Martim Afonso de Souza.
A ordem era expulsar qualquer inimigo invasor, neste caso os franceses, povoar a terra e cultivar cana de açúcar. A cana prosperou devido ao clima bom, dando início a fase de plantação em larga escala da cultura e da formação de uma sociedade açucareira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário