Pouco depois do ano 1300, as instituições feudais começaram a decair na maioria das instituições e dos ideais característicos da época. A cavalaria, o próprio feudalismo, o Santo Império Romano, a autoridade universal do papado e o sistema corporativo do comércio iam aos poucos enfraquecendo. Estava praticamente findando a grande época das catedrais góticas e a filosofia escolástica começava a ser ridicularizada e desprezada. Em lugar de tudo isso surgiu gradualmente novas instituições e modos de pensar, uma dinamização técnica, uma maior mobilidade social, a constituição do estado centralizado, um apoio mútuo da burguesia para com a monarquia. A todo esse processo de mudança, que ocorreu de 1300 até cerca de 1650, iria ser chamado de Renascimento.
O Renascimento consistiu num conjunto de transformações culturais, políticas, sociais, e econômicas ocorridas nos povos da Europa ocidental. Nessa época ocorreram eventos de grande repercussão: a renovação da vida urbana, após um longo período de vida rural, girando em torno dos castelos e mosteiros; o movimento das Cruzadas, a restauração do comércio, a emergência de um novo grupo social (os burgueses) e, sobretudo, o renascimento cultural com um forte matiz científico-filosófico, que preparou o caminho para o renascimento italiano, eminentemente literário e artístico.
As Causas do Renascimento
• A influência da civilização sarracena e bizantina;
• O surto de um comércio florescente;
• O crescimento das cidades;
• A renovação do interesse pelos estudos clássicos nas escolas dos mosteiros e das catedrais;
• Fuga progressiva à atmosfera do misticismo;
• As cruzadas;
• A invenção da imprensa;
• Fortalecimento da burguesia como classe.
• O renascimento comercial
O renascimento comercial na Idade Média beneficiou principalmente as cidades italianas, alguns dos motivos foram:
• Localização geográfica favorável (Mar Mediterrâneo);
• Fortalecimento das ligações comerciais com o Oriente, durante a Quarta Cruzada, onde se obteve o direito à distribuição de mercadorias orientais pelo continente europeu.
• Na Europa Setentrional, o comércio ampliou-se na região dos mares Báltico e do Norte, destacando-se a região de Flandres, devido a sua produção de lã.
• As regiões norte e sul da Europa foram interligadas por rotas terrestres e fluviais criadas pelas atividades comerciais. As feiras eram os locais de compra e venda de produtos dos negociantes. Até o século XIV, as feiras mais importantes eram na região de Champanhe, França.
Florença
Esse comércio possibilitou o retorno das transações financeiras, o reaparecimento da moeda, ou seja, deu vida às atividades bancárias. Com isso a terra deixava de ser a única fonte de riqueza e um novo grupo social surgiu, os mercadores ou comerciantes.
O Renascimento na Itália
A Renascença teve seu início no norte da Itália. Este país tinha uma tradição clássica mais vigorosa do que qualquer outro país da Europa ocidental. Através de todo o período medieval, conseguiram os italianos, manter a crença de que eram descendentes dos antigos romanos. A turbulência política italiana da época da renascença se devia em boa parte, a intensa rivalidade comercial entre as principais cidades.
No começo da renascença, a Itália encontrava-se dividida numa multidão de pequeninos estados, onde quase todos eram cidades-repúblicas independentes que, no período final da Idade Média, conseguiram libertar-se da dominação do Santo Império. Com o passar do tempo as cidades ficaram sob domínio de usurpadores poderosos (Médicis, Visconti, os Condottieri).
Por fim, as cidades italianas foram as principais beneficiárias do restabelecimento do comércio com o Oriente. Durante os anos do Trecento e do Quattrocento, grandes mercadores italianos dos portos marítimos de Veneza, Nápoles, Gênova e Pisa, com suas mentalidades capitalistas, detinham o monopólio do comércio mediterrâneo.
Localização de Florença na Itália
As fases do renascimento
Duocento e Trecento
No século XIII, o estilo gótico começa a dar lugar para uma arte que resgata a escala humana, estas são as primeiras manifestações do que, mais tarde, se chamaria Renascimento. A principal característica dessa mudança é o surgimento da ilusão de profundidade nas obras. Em Florença, Giotto com seus afrescos na igreja de Santa Croce, em Florença, por exemplo, pode-se ver figuras mais sólidas do que as góticas, situadas em ambientes arquitetonicamente precisos, dando impressão de existência concreta:
O Beijos de Judas, da Capella degli Scovegni. (Giotto)
Quatroccento
No século XV, Piero della Francesca (ao lado) desenvolve uma pintura impessoal e solene, misturando figuras geométricas e cores intensas. A esta técnica, aderem artistas como, Paolo Uccello (Batalha de São Romano), Sandro Botticelli (Nascimento de Vênus), Leonardo da Vinci (Mona Lisa) e Michelângelo (Davi, Moisés e Pietá; teto e parede da Capela Sistina, no Vaticano; cúpula da Basílica de São Pedro).
Cinquecento
É a última fase do renascimento. Ela inicia em Veneza, no século XVI, com pintores como Tintoretto, com sua grandiosidade; Ticiano, com seu uso de cores, Veronèse, com seu senso espacial, e Giorgione, com sua expressividade.
O Humanismo
Pode ser considerado como filosofia do Renascimento. Tenta dar nova dimensão ao homem. Expande-se a partir de 1460, com a fundação de academias, bibliotecas e teatros em Roma, Florença, Nápoles, Paris e Londres. A escultura e a pintura redescobrem o corpo humano. A arquitetura retoma as linhas clássicas e os palácios substituem os castelos. A música instrumental e vocal polifônica se sobrepõe o cantochão. Desenvolve-se a prosa e poesia literária, a dramaturgia, a filosofia e a literatura política.
A Expansão da Renascença
Era inevitável que um movimento tão vigoroso quanto o Renascimento italiano se expandisse por outros países da Europa. Por todas as partes o feudalismo estava sendo suplantado por uma economia capitalista e um novo individualismo sobrepunha-se à estrutura corporativa da sociedade abençoada pela igreja na Idade Média. Interesses comuns, econômicos e sociais, favoreceram o desenvolvimento de uma cultura semelhante.
A história política dos países do norte e do ocidente da Europa na época Renascentista revela traços semelhantes aos verificados na Itália. Houve a mesma transição de um regime feudal descentralizado e fraco para um governo absoluto. A diferença principal pode ser encontrada no fato de que muitos estados fora da Itália começavam a assumir o caráter de unidades nacionais. Além da Itália, a Alemanha foi o único país importante que na época da Renascença não se transformou em estado consolidado.
A Renascença na Alemanha
Um dos primeiros países a receber em cheio a influência do movimento humanístico italiano. Deveu-se devido à proximidade dos dois países e ainda pela migração em larga escala dos estudantes alemães para as universidades italianas. Essa influência, porém, teve poucos frutos devido à revolução Protestante, onde se valorizou a fé e a intolerância. O culto ao homem era considerado coisa do demônio. Foi no século XVI que o Renascimento intelectual criou raízes na Alemanha.
Os representantes mais notáveis foram: Ulrich von Hutten (1488-1523), Crotus Rubianus (1480-1539) e Albrecht Altdorfer. Ambos se interessavam mais pelas possibilidades do humanismo como expressão do protesto religioso e político do que pelos seus aspectos literários. A principal obra dos dois é Cartas de Homens Obscuros, uma das sátiras mais espirituosas que se pode encontrar na história da literatura.
A Renascença Cultural nos Países-Baixos
A despeito do fato de não se libertarem os Países-Baixos da dominação estrangeira até o século XVII, constituíram, não obstante, um dos mais esplêndidos centros de renascimento cultural do continente europeu fora da Itália. Pode-se encontrar a explicação disso na riqueza das cidades holandesas e flamengas e nas importantes ligações comerciais com a Europa meridional.
O Renascimento na França
A despeito dos fortes interesses artísticos do povo francês demonstrado pela perfeição da sua arquitetura gótica na Idade Média, foram relativamente de pequena importância as realizações dos artistas desse país na época do Renascimento.
A Renascença Espanhola
Durante o século XVI e o início do XVII a Espanha viveu o auge de sua glória. Suas conquistas no Hemisfério Ocidental proporcionaram riqueza aos nobres e mercadores. Só que nem por isso a nação espanhola foi uma das vanguardeiras da renascença cultural. Os cidadãos estavam mais interessados a saquear as novas possessões do que a dedicar grande atenção às atividades artísticas e intelectuais. Além disso, a longa guerra com os mouros engendrara um espírito de carolice, fortalecendo a posição da igreja. Por essas razões, o Renascimento espanhol se restringiu a alguns poucos feitos. Tanto espanhóis quanto portugueses investiram na construção de igrejas em suas colônicas, sobretudo na América (Peru, México, Brasil).
Destaca-se neste período Kiguel de Cervantes, com sua obra significativa "O engenhoso fidalgo dom Quixote de La Mancha.
Destaca-se neste período Kiguel de Cervantes, com sua obra significativa "O engenhoso fidalgo dom Quixote de La Mancha.
Cervantes
dom Quixote
O Renascimento na Inglaterra
Contribuiu para o florescimento de uma brilhante cultura na Inglaterra do desenvolvimento econômico, o desenvolvimento da consciência nacional, o despertar do orgulho estatal e a expansão do humanismo vindo da Itália, da França e dos Países-Baixos. A Renascença inglesa limitou-se à literatura e à filosofia.as artes não floresceram, devido talvez à influência calvinista que se fez sentir a partir do século XVI.
William Shakespeare foi um dos dramaturgos inglês de maior destaques neste período, com diversas publicações:
Comédias
Sonho de uma Noite de Verão
O Mercador de Veneza
Muito Barulho por Nada
A Megera Domada
Tragédias
Romeu e Julieta
Rei Lear
Otelo, o Mouro de Veneza
Hamlet
William Shakespeare foi um dos dramaturgos inglês de maior destaques neste período, com diversas publicações:
Comédias
Sonho de uma Noite de Verão
O Mercador de Veneza
Muito Barulho por Nada
A Megera Domada
Tragédias
Romeu e Julieta
Rei Lear
Otelo, o Mouro de Veneza
Hamlet
William Shakespeare
Renascimento em Portugal
Em Portugal, a introdução da cultura renascentista coincide com o otimismo das conquistas de além mar do século XV e XVI. Os Descobrimentos desempenharam um papel muito importante na definição do Portugal renascentista.
A base da economia portuguesa continuava a assentar na agricultura, extracção de sal, pesca, nas actividades que favoreciam as exportações de vinho, azeite, fruta, mel, sal, cortiça e madeira. A estes produtos juntam-se o comércio de novos produtos como o açúcar, o ouro, a malagueta, o marfim e, mais tarde, as especiarias orientais, pérolas, sedas, entre outros.
O destaque do renascimento português se deu nas áreas das navegações, com o aprimoramento de técnicas e instrumentos que favoreceram viajantes a se aventurar em terras desconhecidas. Fruto destas viagens e o sucesso delas inspirou Luis de Camões, co, sua obra "Os Lusiadas". A epopéia lusitana nas grandes navegações.
A base da economia portuguesa continuava a assentar na agricultura, extracção de sal, pesca, nas actividades que favoreciam as exportações de vinho, azeite, fruta, mel, sal, cortiça e madeira. A estes produtos juntam-se o comércio de novos produtos como o açúcar, o ouro, a malagueta, o marfim e, mais tarde, as especiarias orientais, pérolas, sedas, entre outros.
O destaque do renascimento português se deu nas áreas das navegações, com o aprimoramento de técnicas e instrumentos que favoreceram viajantes a se aventurar em terras desconhecidas. Fruto destas viagens e o sucesso delas inspirou Luis de Camões, co, sua obra "Os Lusiadas". A epopéia lusitana nas grandes navegações.
Luis de Camões
Capa de sua obra Os Lusiadas
Mecenas
A difusão das idéias da Antiguidade clássica na Itália e outros centros europeus se dá, inicialmente, por emigrados gregos, judeus e bizantinos. Mas é a concentração da riqueza nos comerciantes e banqueiros dos centros urbanos que permite transformar a arte e a cultura em produtos comerciais e fazer com que potentados econômicos como os Médicis de Florença se tornem grandes mecenas ou incentivadores do movimento cultural e artístico da época.
Cosmo de Médici, um dos mais importantes mecenas do Renascimento.
Um comentário:
Bom texto!!!
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