terça-feira, setembro 14, 2010

Passagem do feudalismo para o capitalismo: a crise geral (séc. XII)

Para esclarecer de forma mais sólida o que foi o mercantilismo na Europa, é necessário compreender historicamente as condições que foram criadas para que essa prática fosse possível ser desenvolvida. A Europa no século XIII era o continente estagnado economicamente. Portugal e Espanha perceberam que os limites do crescimento ibérico esbarrava nos limites geográficos, pressionados pelo mar. A alternativa seria criar novos mercados, para isso era necessário novas rotas marítimas.Primeiro foram os lusitanos que desbravaram o além-mar, em seguida os espanhóis, assim que se desvencilharam das guerras contra os mouros em seu território. Ao perceberem o sucesso da aventura, ingleses e franceses lançaram-se na mesma jornada. O planeta começava a ter novos contornos políticos, econômicos e geográficos. O regime agrário baseado em relações de servidão e muita coação estava ficando enfraquecido. O feudalismo dava sinais que chegava a exaustão. 
 
As rotas do Mediterrâneo não satisfaziam mais as necessidades da Europa.

O ápice da crise provavelmente foi a estagnação dos mecanismos de reprodução do sistema feudal. A recuperação do solo para a atividade agrícola, que por três séculos impulsionou toda a economia feudal chegou ao seu limite. A população crescia e a produção agrícola caía. O solo se deteriorava por causa da pressa e do mau uso. A qualidade da terra regenerada era pobre, o solo era muito fino e úmido, difícil de cultivar. Neste tipo de solo, semeava-se plantações inferiores como a aveia. O aumento da área plantada era conseguido à custa de uma redução das pastagens, como consequência, a criação sofria e, com isto havia uma redução do esterco dos animais que era usado para adubar a terra arável.


O crescimento do comércio internacional levou algumas regiões européias a substituírem a produção do milho e dos cereais por vinhas, linho, lã ou pecuária proporcionando uma dependência da importação destes produtos (milho e cereais). A expansão demográfica, conjugada com a queda da produção, foi responsável pela agudização da crise. No início do séc. XIV (1315/1316) foram anos de fome na Europa. As terras começaram a serem abandonadas e o índice de nascimentos decaiu. O reflexo da crise no campo atingiu a economia urbana. Nas primeiras décadas do séc. XIV houve uma escassez de dinheiro, afetando as operações bancários e o comércio. O fator principal para a crise monetária era um limite objetivo das próprias forças de produção. Tanto na agricultura quanto na mineração, este limite da produção havia sido atingido e o sistema de produção se tornou inviável.  

 Miniatura medieval representando a atividade comercial numa cidade

A extração da prata quase se extinguiu no final do séc. XIV. A falta de metais ocasionou uma inflação incontrolável. Com o declínio populacional, por um lado, houve uma retração da demanda de bens de subsistência e os preços dos cereais caíram consideravelmente. Por outro, nos centros urbanos, onde existia uma clientela de elite (senhores), os preços se tornavam mais caros afetando drasticamente a classe nobre ou seja, enquanto os bens de luxo consumidos pela nobreza subia nas cidades, a produção nas suas propriedades no campo perdia valor não sendo suficiente manter o nível de vida dos nobres.

Para completar o cenário catastrófico desta crise estrutural, a peste negra entra em cena e invade a Europa em 1348. Aproximadamente ¼ da população européia perde a vida com a peste bubônica e pulmonar. O cenário interno europeu se agravava, a economia entrava numa crise profunda, a peste negra reduzia ainda mais a população. Por volta de 1400, 2/5 do rendimento da população eram cobrados em forma de impostos. Estes fatores desencadearam uma luta de classes desesperada pela terra. De um lado a classe nobre, endividada e do outro, os trabalhadores dizimados e descontentes. Para tentar superar a crise e manter seu nível de vida, os nobres tentam prender o campesinato as terras e baixam os salários no campo e na cidade (Estatuto dos Trabalhadores – Inglaterra 1349/51).

 
Fonte: A era da calamidade. Rio de Janeiro: Abril Livros. s/s. p.9.

A classe produtora não está a fim de arcar com o ônus da crise e reage de uma forma violenta e desenfreada. Liderados por camponeses mais prósperos e educados, as massas são mobilizadas e proporcionam grandes explosões regionais e nacionais durante a depressão feudal. (Grande Jaquerie – 1358 / Revolta camponesa na Inglaterra – 1381...) atingindo praticamente toda a Europa.  As revoltas dos explorados foram reprimidas e desbaratadas, mas, o impacto das revoltas contribuiu significativamente para a crise final do feudalismo. Na Inglaterra, os salários começaram a subir, este processo se alastrou para a Alemanha, Castela, França e demais países Europeus iniciando assim, o fim da servidão no ocidente. 

Mercantilismo 
é o nome dado a um conjunto de práticas econômicas desenvolvidas na Europa na Idade Moderna, entre o século XV e os finais do século XVIII. O sistema econômico mercantilista estava ligado ao absolutismo. Através de medidas político-econômicas os reis procuravam manter seu controle monárquico e, dessa forma, promover a prosperidade do Estado. 

Caracterização do mercantilismo:
É possível distinguir alguns modelos principais: bulionismo ou metalismo, balança comercial favorável e mercantilismo comercial e marítimo.

Metalismo: o ouro e a prata eram metais que deixavam uma nação muito rica e poderosa, portanto os governantes faziam de tudo para acumular estes metais. Exemplo: a Espanha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas da América nos maias, incas e astecas.

Incentivos às manufaturas: o governo estimulava o desenvolvimento de manufaturas em seus territórios. Como o produto manufaturado era mais caro do que matérias-primas ou gêneros agrícolas, sua exportação era certeza de bons lucros.

Protecionismo Alfandegário: os reis criavam impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior. Era uma forma de estimular a indústria nacional e também evitar a saída de moedas para outros países.

Pacto Colonial: as colônias européias deveriam fazer comércio apenas com suas metrópoles. Era uma garantia de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos não encontrados na Europa. Todo comércio colonial deve ser monopólio da metrópole: as colônias deviam comerciar exclusivamente com suas respectivas metrópoles.

Balança Comercial Favorável: o esforço era para exportar mais do que importar, desta forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa situação financeira.

Com estas práticas, a burguesia cresceu e ficou cada vez mais rica. Também podemos dizer que não houve uma doutrina de idéias, mas um conjunto de medidas variadas visando a obtenção de recursos e a manutenção do poder absoluto.

Mercantilismo do século XVI
• Os países ibéricos comandaram transformações da economia européia
• Lançaram-se no processo de expansão ultramarina
• Exclusivismo colonial
• Conseguirem muito ouro e prata, que elevou os preços nos seus países e desestimulou a indústria manufatureira e agrícola
• No final do século XVII quem liderava a economia européia era as nações que voltaram para o comércio.
O relevo do mar Mediterrâneo. O Mediterrâneo foi base de saída e chegada para os principais mercadores do século XIII

Mercantilismo no século XVII e XVIII
França
  • Incentivou a produção e comércio, 
  • Intervenção estatal,
  • Produtos de luxo, como rendas, sedas, jóias
 Inglaterra
  • Proteção ao comércio marítimo
  • Incentivo a construção naval
  • Criou leis de proibição de transporte de produtos por embarcações estrangeiras
No século XVIII buscou-se mais do complementar a economia metropolitana por meio da exploração desenfreada das colônias, submetidas ao pacto colonial. A burguesia estava ascendente, senhora da economia, não mais aceitava um estado que a oprimisse.

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